2008/02/17

2008/02/16

AVA na Revista Vogue

2008/01/29

A interactividade e a experiência estética

A interactividade relaciona-se com um tipo de arte que procura a experiência do corpo.
Um interface é um dispositivo construído para provocar sensações e conflituar ao nível das percepções e representações a elas associadas.
O interface afecta o corpo, interpela o espectador através do corpo, o que conduz a uma experiência perceptiva diferente.
Neste tipo de experiência estética os olhos perdem a sua posição primeira na organização do mundo. Os olhos servem para monitorar e têm que comunicar com as mãos que activam a experiência.
Esta percepção mais próxima dos elementos sensoriais que a constituem do que da componente cultural, pode ser, precisamente, o que está em jogo na interactividade e que consitui o novo campo da arte: a imediatez da experiência e a preponderância dos elementos sensoriais.
O movimento histórico do pensamento tendeu para a separação do corpo e da alma, e para o domar do primeiro pela segunda. Embora se possa ver as novas tecnologias como mais um instrumento nessa direcção – pense-se, por exemplo na comunicação desencarnada mediada por computador, ou seja, realizada sem interacção física - ela tem sido usada na arte para a criação de espaços de produção e circulação de sensações e afecções (na música, por exemplo, os bits são convertidos em beats). Ou seja, o espaço das novas tecnologias é também o espaço do corpo.
Portanto, a técnica pode potenciar a expressão da vida afectada pela experiência sensível o que é relevante para a estética. Estética não enquanto teoria da arte mas segundo a sua outra ambição: a compreensão da experiência a partir da sensibilidade.
Mas, incidindo sobre as sensações, pode pensar-se que se fica por um plano menos interessante, em termos artísticos. O plano do prazer sensorial, das afecções ou inclinações. Um plano natural em vez de cultural. O plano do sentir versus o plano do sentido do sentir ou da criação de sentido. No entanto, estes dois planos podem ser aliados.


O projecto AVA: o AVATAR, a instalação vídeo e a interactividade.

O avatar no imaginário do jogo apresenta-se como um duplo. O sujeito está duplicado. É ele e o seu espectador. Esta mistura de posições transforma ambos os planos.
Esta relação não é transparente e é instável. Mantém-se sempre uma heterogeneidade essencial entre o jogador e o seu outro eu - embora a pressuposição ou a ilusão da homogeneidade entre os dois seja necessária para o sentido de imersão.
O AVATAR faz o duplo papel do eu e do outro. Do eu porque é controlado e por isso igual a quem controla, do outro porque o eu nesse controle se projecta idealmente naquilo que pode ser.
Portanto, se o avatar é um reflexo, é um reflexo imaginário que se persegue e que não retribui mimeticamente uma imagem no espelho. Enquanto espectador o sujeito vê e relaciona-se com uma imagem de si.
No cinema também existem processos de identificação em jogo. O espectador identifica-se com uma imagem ou com pontos de vista – o da câmara, o das personagens – que passam a ser a sua presença no filme. Uma presença implícita, a de um observador ausente constantemente reposicionado nos seus duplos, nas suas personagens.
É este espectador implícito que é concretizado pela figura do avatar no jogo, um espectador que se torna presente e que escolhe o que quer ver.

Com o projecto AVA pretendemos a criação de uma personagem, o AVATAR de um colectivo, onde se mantém a ilusão da sua existência concreta, misturando o registo documental da sua existência material com o performativo e com o virtual.
A sua imagem remete para um universo ficcional identificado que induz um sistema de significados mas que foram propositadamente baralhados complexificando a percepção da sua identidade, criando conflitos nos esquemas perceptivos que conduzem a essa identificação.
No filme AVA V entram em consideração os tipos de presença ou de identificação do espectador com AVA consoante o ponto de vista veículado pelos diferentes planos. Por exemplo, o plano subjectivo intensifica a dissolução do espectador na personagem AVA, aumentado a ideia de participação e de identificação porque existe a sugestão de partilha de posições de acesso à realidade. No entanto, deixa de fora outros aspectos da realidade já que todos os pontos de vista são parciais.
Essa realidade é a mesma em todos os planos, com o mesmo tempo. No projecto de instalação vídeo, o espectador teria oportunidade de escolher um dos planos o que implicaria a perda de acesso aos restantes. Ao assumir-se o controlo da personagem perde-se o acesso a outros pontos de vista. Portanto, o espectador anda em redor de AVA, mantendo esta sempre a sua independência e autonomia. Como para a estátua, o vaivém do espectador é indiferente.
Por outro lado, quebram-se os códigos da ilusão. AVA olha para o seu espectador e invade o seu espaço e a sua invisibilidade. Mas o que vê no lugar do espectador é uma parte da sua identidade, que se duplica, que se lhe torna exterior.

Quanto ao projecto AVA LAPTOP a sua adaptação ao projecto de instalação passaria por uma performance feita em frente a uma projecção de vídeo. Um projector ligado a um portátil que contém uma série de filmes prontos a serem projectados no ecrã que se encontra em frente ao “avatar”. Esses filmes são registos filmados/pré-gravados de outras performances que a personagem já terá feito noutros locais. As projecções vídeo vão incidir no ecrã à escala natural, permitindo a sugestão de uma imagem num espelho. O “avatar” em frente à projecção vai tentar imitar/interagir com a performance visionada. A performance ao vivo do “avatar” poderia pressupor uma interactividade da Ava com os vídeos projectados. Ou seja, poderia haver uma articulação entre uma qualquer coreografia e sensores que pudesse desencadear um visionamento aleatório dos ditos vídeos. Isto é, o “avatar” não terá um completo controlo sobre aquilo que vai tentar imitar e tudo isto resultará da interactividade entre o seu corpo e máquina. As performances pré-gravadas poderão ser diversas situações do quotidiano, como por exemplo andar na rua, almoçar, cozinhar, dormir, conversar com outras pessoas. Uma imitação ao vivo de uma representação. O vídeo comanda (parcialmente) a actuação do performer.

Instalação: AVA



A primeira possibilidade que proponho será uma performance feita em frente a uma projecção de vídeo. Um projector ligado a um portátil que contém uma série de vídeos (alguns deles que já estão no site) prontos a serem projectados no ecrã que se encontra em frente à AVA. Esses vídeos poderão ser registos filmados/pré-gravados de outras performances que a personagem já terá feito noutros locais. As projecções vídeo vão incidir no ecrã à escala natural, permitindo a sugestão de uma imagem num espelho. Em frente à projecção a AVA vai tentar imitar/interagir com a performance visionada. Ela é quem escolhe quais os vídeos que vão ser visionados. As performances pré-gravadas poderão ser diversas situações do quotidiano, como por exemplo andar na rua, almoçar, cozinhar, dormir, conversar com outras pessoas. A personagem caracteriza-se como alguém obsessivamente trabalhador que vive um intenso stress diário e que resolve imitar esse tempo útil de trabalho por prazer, como algo relaxante e lúdico. Poderá funcionar como uma espécie de desporto. Uma imitação ao vivo de uma representação. A representação comanda (parcialmente) a actuação do performer. Eu proponho que as situações visionadas possam ser discutidas com a Sara.

Ou então, a performance ao vivo da AVA poderia pressupor uma interactividade da Sara com os vídeos projectados mas sem o vulgar interface com o computador, ou seja, uma articulação entre uma qualquer coreografia com um sistema de sensores que pudesse desencadear um visionamento aleatório dos ditos vídeos. Ou seja a performer não terá um completo controlo sobre aquilo que vai tentar imitar e tudo isto resultará da interactividade entre o seu corpo e máquina. Penso que esta ideia poderá resultar pela sua simplicidade.
A ideia geral desta instalação será fazer um prolongamento físico da identidade da AVA. Identidade esta que, uma vez disseminada na web, se irá expandir para o "mundo concreto". Funcionará como um espelho, que mediatiza o universo digital com o espaço do real, estabelecendo um jogo de movimentos e representações.

Compreender a AVA



AVA
A partir do que já tem sido discutido estive a reflectir sobre o que já foi construído sobre esta personagem. Sabemos que ela vai funcionar como um avatar, uma figura ambígua, alguém que tem um pé assente na realidade concreta e outro no “mundo digital”. A sua figura está presente nestes dois universos e a sua presença oscila entre um e outro, embora seja pertinente pensar se estas duas realidades não serão apenas uma. É importante que a personagem seja caracterizada consoante estes dois universos. Por um lado ela é um avatar que sai para fora do computador e que personifica alguém, uma rapariga real e comum. Por outro esta personificação mantém os traços da identidade anterior. A intermitência e a ambiguidade são uma característica importante nesta personagem. Esta ficção assenta nestes dois pressupostos.



Podemos partir assim para uma ficção que se pode dizer, quase científica. Quero propor agora a analogia com um filme, The Purple Rose of Cairo (http://www.imdb.com/title/tt0089853/) de Woody Allen, onde um actor de cinema trespassa a tela do cinema para a realidade em busca de um amor que é impossível, a personagem de um filme que se (re)transforma em pessoa de carne e osso, mas que ainda assim, mantém algumas traços passados. A AVA podia ser alguém que estivesse constantemente cá e lá, no real e no digital tal como o actor sai e entra do ecrã. Poderemos pensar numa conversão de uma criação digital para uma pessoa comum? Como o Pinóquio? Ou será uma “bonequização” de alguém? Penso que a solução passa por manter essa ambiguidade na construção da nossa AVA. Esta ambivalência permite-nos partir para uma metáfora que me parece ser importante nesta ficção que aqui estamos a construir, a de alguém que se apresenta como um produto do seu tempo e que através da sua figura (ou da sua vida) pretende documentar essa vida e esse mundo. Os conceitos de pós-humano, de cyborg, ou de clone estarão presentes na construção da AVA como referências do nosso tempo. A assunção de tudo isto implica uma postura crítica perante o progresso tecnológico e uma excessiva tecnocracia que caracteriza todo esta “revolução digital” a que se assiste.



A demanda da AVA não será certamente a busca de um amor mas a exploração e o registo documental de ambas as realidades. Será tempo para a invocação de um outro filme, O Homem da Câmara de Filmar de Dziga Vertov (http://www.imdb.com/title/tt0019760/), em que o realizador procurou documentar em cinema o meio onde vivia, as máquinas, o progresso, em suma uma revolução moderna que se estava a desencadear. A nossa AVA poderá funcionar como um olhar atento à nossa vida contemporânea, aos fenómenos tecnológicos e sociais a que assistimos. Ela será alguém que partirá à exploração destas duas realidades e que as documentará através da fotografia, do vídeo e do áudio.



Depois de tudo isto vejo a figura da AVA, por um lado, como um boneco cibernético- como o replicante do Blade Runner – em que a sua cara está caracterizada. O uso de maquilhagem poderá ser interessante para fazer passar essa sugestão de “ser digital/não humano”, num tom pálido e um pouco “frio” ou “maquinal”. Por outro a sua indumentária poderia contrastar com essa figura maquinal. Ela podia vestir roupas práticas, como alguém que está em trabalho, numa missão importante. Poderá usar um daqueles coletes com muitos bolsos. Um chapéu, calças e botas (tipo militar mas sem camuflado). Eu diria que os seus movimentos poderão ser tão naturais como uma qualquer rapariga. Em suma a AVA é alguém que vai partir à exploração dos seus mundos (ou do seu mundo). Todas estas questões são sujeitas, é claro, à discussão entre todos e nomeadamente com a Sara.

2008/01/28

Projecto: Instalação AVA

Em termos muito gerais apresento as minhas ideias para Instalação AVA:
Tenho apenas duas propostas, ambas implicam a presença física de Ava no local e estão concentradas na projecção de vídeo digital.

Primeira: 
Descrição: Ava, sentada numa cadeira de madeira, assiste a uma projecção do filme "Paisagem" (17 min; 2001). No final levanta-se e sai do espaço de projecação.
Conceito: Ava enquanto espectadora de uma obra projectada.
Local: Sala muito escura, apenas iluminada pela luz da projecção. Existem mais cadeiras para outros espectadores (+6 cadeiras).

Segunda: 
Descrição: Na projecção vê-se uma sala com uma porta ao fundo semi-aberta, Ava (em projecção) entra nessa sala e aproxima-se do limite do enquadramento, a querer espreitar para fora, percorre a sala (os limites da projecção). Caminha decidida e sai da tela (homenagem mas sem os mesmos aparatos técnicos a "Rosa Púrpura do Cairo") entra na sala de projecção, uma luz subtil ilumina a sua presença (vai para dois pontos previamente estabelecidos no espaço). No entanto, a sua imagem permanecerá projectada numa tela (efeito espelho). Ava olha-se de fora e para dentro. Ava está presente enquanto imagem projectada e enquanto espectadora da sua própria imagem. As acções de Ava estão de algum modo relacionadas com este efeito espelho. Há outra questão que tem haver com o olhar e a sua direcção, isto é com o facto de ela na tela olhar o espectador e fora dela tomar esse lugar. Assim sendo, olhar será sempre dirigido num determinado sentido e eixo.
Conceito: Projecção simétrica - Espelho de Si. AVA entrará na tela de projecção e sairá dela.
Local: Sala de projecção escura, mas com possibilidade de se ajustar luz na presença de AVA.

Quem é "AVA"?

Resposta precedida por algumas considerações sobre o estado nosso Trabalho - Projecto



Parece-me se relerem o texto que entregámos na aula passada que a nossa intenção de trabalho foi bem apresentada por escrito:

- criar um personagem: "AVA" que será a soma de todas as representações e/ou ficções criadas por cada um de nós (questão da autoria partilha). 

Esse somatório poderá ser (ou será) instalado num project-room onde essas diferentes situações/representações/ficções, bem como os diferentes suportes utilizados co-habitam e onde se poderá desenhar o acesso ao universo dessa tal "AVA" então criada. Em suma, propomo-nos a criar uma personagem, dar-lhe uma identidade e um universo para que ela possa existir e depois apresentar essa criação/esse universo num project-room.



O que nos falta então para avançar? Outra pergunta que apetece fazer é: mantemos esta ideia?!?



Prefiro responder à primeira pergunta e também dizer que, para mim, está fora de questão fazer tábua rasa do trabalho já realizado e começar a lançar outras pistas/e ou discussões que nos lancem novamente numa quimera do que fazer! Neste aspecto estou bastante de acordo com o comentário do Nuno ao "Anita volta a atacar". É preciso desenvolver a nossa ideia, bem como a criação deste universo e começar a dar identidade a "AVA".



Então respondendo à pergunta:

Quem é AVA?



AVA é uma personagem encarnada em carne e osso, pela nossa colega Sara.




Deste modo, facilmente induzimos que se trata de:
uma rapariga de estatura média, 
magra, 
com cabelos aloirados, 
olhos esverdeados.

Para mim esta AVA é uma rapariga curiosa, disponível para as novas tecnologias e atenta às artes digitais. Não acho que precise de ser artista. Gosta de registar o mundo através da sua máquina fotográfica e faz-se sempre acompanhar deste aparelho. Navega regularmente na internet (tem uma caixa de email, está presente num chat de discussão on-line, tem um blog-diário onde relata as suas actividades e publica fotos suas). AVA gosta de jogos interactivos, filmes de ficção-científica e de ler muito e tudo: a revista Wired; livros sobre o ciberespaço e realidade virtual; autores portugueses; peças de teatro, etc.

AVA não fuma (!), é virtuosa, modesta, ecologicamente correcta vegetariana "que não come cousa que padeça morte" (utilizando as palavras de Camões).



Por agora apresento apenas estas características. 

É necessário continuar... Criar uma consciência política, ética, moral.... enfim, muito trabalhinho!


publicado: Sábado, 17 de Novembro de 2007, às 20:03

Como registar AVA

Primeiro Registo:
Este primeiro registo está relacionado com a ideia de mimésis: repetição / criação, ficção de uma realidade / verosimilhança
Pretendo participar na criação desta criatura AVA através da encenação ficcionada de um documento registado através de uma câmara de filmar e posteriormente editado com vista a ser projectado. A minha ideia é criar vários pequenos guiões onde AVA tem descrito as acções a realizar e o que deve fazer para concretizar determinadas situações que lhe darão visibilidade e consistência existencial.

O que AVA vai fazer:
- vai assistir na televisão a uma episódio da série "Palmeiras Bravas" e consequentemente vai conversar um uma amiga sobre esse episódio.
- vai participar num torneio de um jogo de computador. (jogo ainda a definir, bem como o local)
- vai ler o livro "Finisterra- paisagem e povoamento" e folhear vários números da revista "Wired"
- vai cozinhar, dormir, fazer compras, tirar fotografias

Segundo registo:
Este segundo registo inclui uma performance ao vivo e está mais relacionado com a questão da representação.
AVA será projectada a olhar para si própria. Como se de um espelho se trata-se.
A imagem de AVA estará projectada numa parede. AVA olha-se de fora e para dentro. AVA está presente enquanto imagem projectada e enquanto espectadora da sua própria imagem. AVA entrará na tela de projecção e dela sairá.

publicado: Sábado, 17 de Novembro de 2007, às 20:17

Vê televisão

Meez 3D avatar avatars games

2008/01/27

REUNIÃO DE HOJE CANCELADA

A reunião de Hoje às 15 horas foi cancelada.
Membro do grupo está doente. 
Temos de adiar até conseguirmos estar todos juntos para preparar apresentação.
Telefonemas e possíveis encontros no MSN a partir das 19 horas de hoje.

2008/01/24

olá


em relação à próxima reunião, acho que devíamos levar já os nossos textos, nem que sejam só rascunhos, que reflectissem o nosso pensamento sobre o projecto, sobre os temas do seminário e como o projecto se insere nele. e também as nossas ideias acerca do projecto de instalação

julgo que depois de vermos os textos conseguímos integrá-los num esquema, que pode ser o que a renata sugere. quanto à reunião para mim pode ser sábado ou domingo.
até breve