2007/12/12

Mail da Patrícia - 16.11.07

Olá Sara e Rita (respondo a ambas pois interessa às duas e se quiserem façam
forward para os colegas), O e-mail serve apenas para reflectirem e na
terça-feira a ideia é falar algum tempo com cada um dos grupos.

Eu também acabei a pensar bastante sobre o que se tornou estranho na vossa
apresentação e ainda hoje oscilo... uma coisa é certa para mim foi
complicado perceber se estavam propositadamente a fazer uma ficção à volta
de uma ADA artista plástica (como me tinham dito antes) ou se estavam a
emitir opiniões vossas sobre mundos artísticos, personagens virtuais e
interacção. Não consigo perceber se a "performance" do grupo estava centrada
na construção de uma personagem fictícia ou se avançavam opiniões próprias.
A primeira hipótese é interessante a segunda é algo mais preocupante ;-))) e
terei oportunidade de explicar porquê na próxima aula. O momento que ganhou
contornos realmente surpreendentes foi a explicação da Renata sobre o livro
do escritor português Carlos de Oliveira. Esse sim poderia ter sido um
momento cómico com a minha confusão entre o autor de "A abelha na Chuva" e a
revista de Geografia da UL. Num mestrado de comunicação aquele momento foi
realmente disruptivo e é sintomático dos "buracos negros" da comunicação nos
dias que correm. Momento digno de Borat! ;-))). Não estou sequer certa que
tenham escolhido mal a estratégia acho sim que escolheram mal o plano de
comunicação ;-)) e que este foi desnecessariamente confuso no seu conjunto.
No meu entender seria necessário limar muito bem o discurso da ADA ou
tornando a coisa mais sonsa ou mais non sense... veremos isso.

A questão que se coloca é a de saber se aquilo foi propositadamente uma
tentativa de denunciar o vazio discursivo dos artistas? A Ada seria então
uma personagem algo tonta ao afirmar que faz obras de arte? Que questiona
evidências como a existência de vários tipos de interacção numa dúvida
metódica "arti"? A intenção do colectivo é expor estes mecanismos das artes?
Inquirir a construção cultural e social de um artista plástico tradicional?
Atenção que no digital jogam outros tabuleiros e a questão do "curator" é
recriada de forma a impor e aprisionar velhos conceitos a novas práticas.
Por último, alerto para o discurso circular que denuncia os mecanismos da
arte pois há mais de cem anos que os artistas não fazem outra coisa a não
ser andar às voltas com a desmistificação das regras da arte. Gostava que
avançassem mais sobre este assunto.

Já li o trabalho escrito e já reuni os livros que penso podem ajudar nesta
fase. Nada de grave nem acho que devam ficar desmotivados pois este efeito
inicial pode gerar novas configurações. Acho que é melhor darem uma vista de
olhos primeiro pelos livros que vos levarei pois em alguns casos trata-se de
um ou outro texto que eventualmente podem consultar. Regra geral este
momento pode mesmo ser fundamental para a próxima fase.

Cumprimentos, já vai longo!

xxx Patrícia Gouveia

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